terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Resgate


Hoje me lembrei de algo curioso, que havia aprendido há muito. Epístola de Paulo aos fiéis de Efésios, uma carta de batalha, guerra, sobre o mal e principalmente a mentira. Ainda que poderosa, a igreja de Éfeso  forte e autossuficiente em Revelações recebe uma nova mensagem, sobre o amor... 
Em tudo, mesmo na arte a sensibilidade do observar, não apenas em profecias de uma religião, mas no olhar de alguém ainda capaz de amar é possível ver o caminho dentre as trevas, na obra de homens, como Vitor Hugo, Liev Tolstói, entre outros (sim mesmo em Marques de Sades) vemos que somos cegos e assim permanecemos, pois nos é confortável, até que a alma (ou o nosso senso de humanidade) urja contra a indiferença em nossos olhares.
O Resgate do Humano, da Humanidade, do não esquecer do sentir ao observar, da misericórdia que nos é tão cara... Não se prender apenas em entender o processo de como alguém chegou a determinado ponto, mas compreender todo o caminhar desse ser.
Para onde se esvai a revolta, a vontade de mudar, a necessidade de resgatar, o simples ato de estender a mão?
Não só de tragédia vivemos, mas o que nos faz viver é a urgência da revolução de nos mesmos, do renascimento do amor, como é visto Eros por Sócrates (O Banquete), o amor deve morrer diariamente e de sua morte renascer, se desenvolver e ser nutrido, pois é por isso que o amor é um deus (Eros) representado em uma criança, por ser assim, eternamente morto, eternamente renascido.


A autossuficiência não é sinônimo de Poder, o domínio sobre as leis não é a vitória... Tudo se perderá, mesmo a armadura mais poderosa nada vale se nada a cinge junto ao corpo, a verdade e o amor, sem estes não haverá batalhas a serem vencidas, pois o massacre é o único fim daquele que não é verdadeiro, daquele que não compreende o "primeiro amor" (Revelações de João, cap. 2, vers. 4).

domingo, 27 de janeiro de 2013

Retorno

Há eras nada escrevo, pior, há tempos nada de fato leio. Sinto um vazio enorme, sinto que abandonei meus amigos, abandonei minhas fontes, me abandonei. Mas quem de fato se importa com isso? Me lembro de amizades, que criei em um munto virtual, amizades que acrescentaram em um mundo real. B., Nívea, Lua, Fada, mulheres, sim, mulheres. Os gregos as desprezavam, mas muito produziram para nós, imaginem o que podemos produzir ao não desprezar tais fontes, de perspectivas, criatividade, carícias, prazer ... A mulher. Oh, sim a mulher. Não há fonte maior, tépidas, intermitentes, irracionais, inconsequentes, mulheres... Forçando o homem, forçando a natureza, forçando as regras, forçando, empurrando, dando literalmente a luz à humanidade. Respirem, minhas belas, continuem, perdurem... Não desistam e inspirem. Das ninfas do Tejo às drogatitas da música, inspirem. Eis um resgate, de um literato, de um libertino, de um celerado, sempre inspirado, motivado, por mulheres, pelas glórias de seus antecessores, pela a beleza torpe de um futuro incerto. Minhas belas damas, a ausência de vocês tem sido um grande tormento, a falta de escrever e de ler uma tortura. Como diria Rainer, de forma adaptada, escrever é algo que urge do ser literato, se não lhe ocorre isso, simplesmente não escreva.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Epifania


Quem são meus irmãos?
Ora, não os tenho, sou Icarus, sou aquele que idealizou a primeira torre de Babel, pois bem.
Eis uma história, aqueles que conclamam como o único criou o homem por vontade, pela mesma vontade lhe concedeu o dominio sobre a terra e a deu a ordem de continuidade, mas eis que o homem tomou por sua força o conhecimento da razão, não impediu da mulher de tomar para si o fruto tocável, mas que não deveria ser consumido, e ainda por ventura tomou para si do mesmo fruto que conhecia a origem, o fim e tentado, não pela mulher, nem pela serpente, mas pelo arbitrio tomar parte do que faz aqueles que não são deuses semelhantes a Deus.
Sim o homem, teve a sua primeira Babel não em mim, tão pouco naqueles que vieram depois, mas em Adão, Ish, o primeiro a tomar por próprias forças e vontade para si uma parcela de divindade.
Não se trata de mero devaneio, pois sou Fausto, conheço, convivo, não invento, se achas que é balela, insanidade, julgas insano o que está escrito em Gênises, pois apos a criação foi ordenado que se protegesse a árvore que dava o fruto da vida eterna com querubins e espadas de fogo, pois o homem havia se aproximado demais de ser um semelhante a Deus.
Em muitos outros momentos o homem quis vislumbrar seu criador, sempre impedido, não foi só Adão, nam aqueles que construiram Babel, mas Moises, Davi, Salomão, buscaram e foram condenados, Davi foi o que mais se aproximou, mas fora proibido de construir até mesmo um templo.
Hoje conheci Caim, um jovem e belo moço, maculado com estranhas chagas que não tive a coragem de encarar, atravessou a minha existência, pude entender que um dia o homem entenderá que os anjos são meras manifestações de poder e o que o homem visualisa é o seu desejo, não a transfiguração de poder em algo concreto e tangível, mas sim o real desejo do homem, tocar a Deus e não apenas restar a destra de seu filho, mas efetivamente tocar as faces de Deus, o homem não quer mais se esticar para alcançar o fruto, ou construir torres para subir aos céus, mas se transifigurar em um ser alado a fim de alcançar, novamente, com as próprias forças uma proximidade maior com o divino.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Uma análise

Há algo de interessante no único, no soturno, no absurdo.
Tenho um grande apreço pelo meu nariz; é certo que não possui personalidade própria, mas sempre dizem, os populares é claro, que ele dá personalidade.
Gogól que bem entendia do nariz, qual a personalidade que o mesmo teria, ou até mesmo tem em alguns casos.
E há nisso tudo algo fantástico.
Vejam bem, se em um universo, como o paulistano, existem X número de pessoas, sere humanos que exercem cotidianamente seu oficio, não que todos tenham alguma ocupação, mas tem a sua utilidade...
Sim, eu bem digo, mesmo aqueles que são inuteis ou pestilentos tem sua utilidade.
Crápulas deitados em sofás, apodrecendo sua gordura e esfregando suas bactérias umas nas outras desenvolvem algo além do ócio improdutivo.
A sociedade precisa desses imbecis para lembra-la constantemente o que é grotesco, agressivo, pútrido. Precisamos dos vagabundos, dos ladrões, dos corruptos. É em cima desses perdidos que lucramos ao final das contas...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Tão simples, tão livre


Há algo no ato de escrever tão único, tão vivo, pulsante... Por mais que se tente despreender desse ato, desse vício mais ele te chama, mais ele te instiga. Pode-se fugir, se esconder, ceder milhares de desculpas e há de haver aqueles que se mutilem para não escrever.
Uma vez sugeriram a pergunta ao senhor Kappus, não me recordo se está é a grafia correta, se o ato de escrever lhe era realmente algo necessário, algo que não se pode despreender, pois uma vez que se toma o ofício de escritor, como tantos outros ofícios se teria de suportar tarefas maçantes, desgostos e contratempos.
Lembro-me daquela que me sugeriu primeiro buscar em Rilke alguma gema a ser polida, eis que em poucos trechos descobri veios ricos e coloridos, repletos das mais vastas possibilidades de interpretações.
Fui surpreendido por um gesto, um movimento de dedos e um olhar escondido. Um perfume indistinto, raro para meu olfato que tanto memoriza, tenho em meu nariz memória mais leal que em meus olhos.
Não era o perfume em si, logo descobri a mulher, pouco tive de fato, mas muito desejei absorver.
Há muito, desde minha última garrafa escocesa que não tenho tamanho prazer, pequeninos movimentos, palavras despreendidas, alguns toques e de novo o cheiro.
Uma mulher revela muito e tão pouco sabe o quanto podem surpreender um homem, se este se atenta aos detalhes, antes mesmo de verificar a caixa, de tomar a garrafa contra a luz, de ler as informações descobre pelo perfume, pelo cheiro muito mais do que tudo que se pode ver...
Podemos, por exemplo, saber pelo cheiro da caixa se foi armazenado em ambiente úmido, pelo odor caracteristico do papelão molhado, o blend também escapa, antes mesmo de se abrir a garrafa.
Um bom blend, maturado, amadurecido, amargado pelo tempo e pelo sofrimento, devidamente harmonizado e balanceado, quase doce pela adição dos elementos diversos tudo reagindo da forma certa, escolhas importantes e alguns acidentes fazem um bom blend, bem como uma boa mulher.
Não me crucifiquem, não reduzo, aqui, a mulher a um objeto consumível, longe disso! O que me ocorre é a falta de arte, de engenho para descrever a surpresa do acaso, a dose do destino, muito ocorre de formas únicas e tão singelas para compor tanto um bom blend (o que convenhamos todo homem respeita) quanto uma boa mulher (o que nem todo homem respeita).
Há nisso tudo um grande prazer, tudo tão único, onde o tempo e a idade são importantes, mas ao mesmo tempo a composição em si que é essencial, e que o encontro certo dos dois, tanto para blends e pessoas os torna únicos e caros.
Estou a divagar, acho que me surpreendi, experimentei tão pouco e de forma tão suficiente para desejar provar pelo menos por uma vez...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Ecos de um Narciso despido


Há um peso pecliar no ato de escrever. Existe um momento de nudez, de entrega, não importando o quanto a forma tente cobrir a alma, a última sempre escapa, escorre, sublima, por entre as frestas.

Escrever não só exprime, mas expreme aquele que escreve, tortura alma e mente, não importando o quanto o interlocuturor possa ser tolo, fugaz, ignóbil, há sempre um meio pelo qual se percebe a alma, ainda que apenas uma mera sentelha de luz vaga e contida.

Temos na existência caminhos e expressões, mas não creio que algo possa expressar mais que a escrita e ao mesmo tempo marcar e ser lembrado que as letras.

Não é mero ato de se justapor fonemas, conjugar verbos, encontrar pessoas, mas sim um ato de se definir a entrega, de se abrir, escancarar, arregaçar a alma, ainda que de forma pretenciosamente casta, puritana, eloquente. Não passamos de todos pervertidos perdidos em uma espiral resistente, que busca conter a humanidade, ou o que ela considera desumano no ser humano, que meramente o é humano ao ser desumano, pois é da natureza do homem a contradição de si mesmo e a necessidade de reafirmação de si próprio.

Somos todos, Narcisos e Ecos, sombras fugidas do Hades.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Delírios de Fausto II


Totalmente desperto, totalmente sóbrio, vi um mineral que entoava louvores ao demonio, vi espiritos que dançavam sob a luz dos signos sombrios em noite de lua nova. Vi sonhos serem consumidos, vi a feiura encardada, vi Mefistofoles dançando com um tronco rachado e podre, de um aroma fétido, li9berando liquidos de sua podridão, quando vi lá estava eu, em meio daquele tronco, sentindo um prazer imenso, de compartilhar o resultado mais podre de um ato profano, bebi da taça da grande meretriz e pude ver que de seu sangue menstrual o mundo místico e não contado pela igreja se revela muito maior, muito mais complexo, muito mais... profano e delicioso. Delírios de Fausto, por Lee.