sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Um Ode a Luz


Em um determinado momento cansei de viver sobre a sombra da mão divina, sobre o conforto da proteção do trono e quis mais, muito mais. Para ter o que eu quero, terei de viver sob a luz intensa da estrela da manhã, que mesmo expulsa de sua posição ainda brilha e do abismo urra por sua justiça, urra pelo reconhecimento de que mesmo tendo perdido o amor jamais deixou de ser amado...
Serei eu um novo filho de um novo pai? Serei eu um Cainita afastado da luz?
O brilho intenso da pureza já não me seduz mais, o meu desejo é pelo clamor das multidões sob meus pés implorando pois deterei um Poder jamais alcançado.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Fausto


Mefitofeles veio me visitar esses dias, sentou-se em minha poltrona, acariciou o meu gato, tomou de meus vinhos, como sempre esteve a vontade, como se fosse um bom amigo, ou um estimado irmão.
Estendeu sua mão sobre minha mesa e deste movimento fez surgir um contrato, riqueza financeira, prazeres carnais, uma saúde impecável, conhecimentos vastos, uma memória eidetica e a ausência total da alma, do medo, da culpa e do desespero.
Ofereci mais vinho...
Já havia lhe vendido muitas almas, agora ele queria a minha, riu-se da facilidade com que eu conquisto as pessoas para então trai-las, esquece-las... Mefistofeles me conhece, alias é o único que me conhece, mesmo sem saber a minha real opinião sobre tudo isso, ou sobre qualquer coisa, afinal, quem realmente sabe?
Por eras minha vida foi prolongada, tudo o que eu tenho conquistei as custas das almas de outros, hoje é a minha que está em questão. Ri de mim mesmo e de minha situação, enrolei o diabo, mas sabendo que seria um dia condenado... e quanto mais enrolava, mais a pena aumentava. Se foram os amigos, se foram os familiares, mas Mefisto ficou, Mefistofoles cá está.
Ele se levanta, caminha em frente a minha estante, passando os dedos sobre as lombadas dos mesmos sem desviar o olhar do meu, quer me sondar, descobrir se aceitarei o contrato, ou continuarei vivendo por mais uma era, ao invés de limitar a minha vida. A Eternidade sim é terrivel, esta na terra, aquela no inferno, seja qual eu escolher somente sendo mortal eu amarei, o que ele oferece não é a libertação, ou o que eu não tenho, mas algo que eu nunca tive sem perder os bens materiais que acumulei.
Comedia, de Dante, da minha estante para as mãos dele, ri-se da imaginação do italiano, mas admite que a mim estaria reservado o último círculo do inferno, não por ter traído, mas por ter amado, se caso eu aceitasse os termos daquele contrato.
Não... Não vale a pena...
Continuarei na terra, experimentarei as conas e não o amor...

domingo, 26 de julho de 2009

Calla negra


Mais uma vez ela esteve em casa, mais uma vez uma visita rápida que deixou só o cheiro, o perfume delicioso de um sexo bem feito, uma verdadeira dama, suave como um vulcão a plenos pulmões, expelindo sensualidade para todos os lados, seus lábios, lindos, escuros que aos poucos vão tomando o carmim do sangue para si, expressão máxima de um momento intenso por vir.
Ah, suas pernas são belas e seu gosto por vinhos sóbrios, sinceros e poderosos sempre a trazem... Perfeita, linda e perfumada.
Ainda guardo a prova do último atentado, uma belissima camisa da Dudalina, reduzida a trapos em poucos segundos... Ah, aquela boca lasciva, a sensação de seus piercings frios encostando em meu corpo em chamas.
Barbara como só ela pode ser, voraz e ainda assim, única, de um cruzar de pernas preciso, o desviar do olhar direto convidando a olhar a outros atributos, por assim dizer, sim, uma das poucas que valem a pena se ter, mas que são demais para ter só para si, o mundo decididamente precisa dela...
Ela virá, mais uma vez, se sentar a minha frente, conversar por horas temas que domina, temas que a interessam, temas e mais temas.
Beberá de meus vinhos e do meu licor que colore seus lábios já avermelhados, deitará em minha cama, me tomará em seus braços para novamente partir cuidar de seus negócios por aqui...
Hum, preciso de mais vinhos, alem de um novo espumante...

domingo, 5 de julho de 2009

Apenas o necessário...


O tempo se foi... O maldito se foi sem levar com ele a memória de seu transito, maldito seja!

O passado persegue aqueles que tem memória, aqueles que a não tem assombra como um devaneio intermitente fazendo odes a vergonha de atos, cenas, momentos, estamos todos presos, sucumbimos a maldição de ser um ser político, apesar de não sermos necessariamente sociais, mais uma vez o ciclo vicioso da linguagem fática, da relação forçosa entre vizinhos, odeio todos!

Não percebem o quão presos estão, submissos a uma ordem que não os representa, mas os oprime e os mergulha na ignorância de ser constantemente e de existir jamais!

"Merda! Onde é que aquela maldita guardou a minha garrafa de wishkie!?"

sábado, 11 de abril de 2009

Geografia da fertilidade

É interessante como a geografia do oriente médio pode se tornar uma descrição erotica...
Das Colinas de Golã descendem as águas que sanam a sede da terra que emana leite e mel, dai temos a ferilidade do Tigre e Eufrates que formam em seu meio o gérmen da civilização conhecida, o grande útero da humanidade e desembocando águas tépidas e fertilidade, formando um verdadeiro mar de água temos o Nilo, o canal que se encerra em um belissimo e fértil delta.
Assim temos como as Colinas de Golã os seios formosos de uma dama, emanando leite e alimentando todo um deserto de existência, no ventre podemos deslumbrar o traçado quase paralelo e quase tangente dos rios Tigre e Eufrates, indo alem, poderiamos dizer que os mesmos são as trompas de uma fêmea de útero fumegante, pulsante de vida e fertilidade. O belissimo delta que por vezes se encontra liso e por outras recoberto de uma viva mata, que se encerra em um verdadeiro rio, caudaloso, de águas mornas aquecidas no fogo do deserto, fogo este que gera uma fome consumista, uma sede tal que só pode ser descrita pelo seu fluxo constante de águas que se encerram no mar de vontades...
Alias, devemos lembrar que assim como as regras femininas enriquecem de cor tal licor a história mitica enriquece as águas do nilo de mesmo sangue, seria essa uma analogia válida a ponto de reforçar a tese de que a geografia do mundo é pervertida?

Princesa

Bela flor de lótus, princesa dentre as vagens retorcidas do pântano, mais uma entre tantas flores. Lírio dos vales que sob a brisa da tarde lança seu perfume e seus feitiços, todas as flores tão suaves, tão submissas, tão presas...Bela dama que dança por entre as flores,

"...Oh! Protege as surpresas deste canto,
De vil ambição castigada por destino
Do Julgamento impertinente da razão;..." - Horace Walpole

Pois somos da natureza e ela como vento me fez, livre para ser o que é, preso para perder a razão de ser. Sou como o Andaluz que belo é correndo por entre os vales espanhóis, lutando por seu espaço, por sua posição, pelo direito de cobertura.Nascemos do horror, de uma singela semente ou do sangue, mas ainda assim somos belos e poderosos em nossa natureza, respeitando o que nos somos mais do que onde estamos ou de onde viemos, pois o que somos surge de uma centelha prima de uma escolha sempre difícil que não nos garante a felicidade, mas apenas o destaque do meio.Pégasus surgiu do sangue da Górgona, de um ato horrendo e pelo horror intitulado como heróico, não por ser belo se separou de sua origem, mas por suas escolhas pode voar e não por voar foi de todo livre pois o homem caça aquilo que lhe é diferente, seja estranho ou surpreendente, maravilhoso ou repulsivo, ser enfim diferente é o requisito para ser perseguido.A liberdade é terrivel e pelo horror que causa é tão mitificada, como um cavalo que corre pelos prados assim é o meu espirito, assim é a minha mente mesmo que meu corpo teime em ser preso por correntes... pelos elos fragéis da moral, da diginidade, dos principios e do dever...

domingo, 1 de março de 2009

Isabella


Ela era como um lince perverso, travessa, intensa, curiosa do tipo que não se deixa só em sua casa.

Arruma, bagunça, observa, revela, uma paranóia constante, uma deliciosa piscose dançante, onde tudo fluia seguindo suas curvas, envolvendo sua cintura...

Céus como era bela, seus olhos enormes sorviam cada movimento meu, senti-me presa diante de um predador pela primeira vez em eras...

Sim, era Bela... "Bella horrida bella"

terça-feira, 27 de janeiro de 2009


Como é cretina! Maldida, vadia de cona ligada a ovários que só servem para apodrecer ainda mais aquele tubo infestado! Ah!

Como pode uma mulher se reduzir a tanto Félix?! Uma puta é uma puta escreveu Miller, mas ainda assim ela não é de fato uma puta, apesar de não passar de uma meretriz certinha, santinha, corretinha com suas mãos em um frenético movimento alucinado de cima a baixo, sem qualquer razão coerente gritos e ganidos escorrem por aquela vala que ousam os anatomistas igualarem a outras tão ricas bocas.

Como grasna, uma pata em tudo, em seus movimentos e em sua fúria desmedida distribuida ao léu, jogando palavras ao vento sem se importar de fato com seus interlocutores que merecem aturar ao Diabo, mas não a ela.

Onde será que a empregada guardou a minha garrafa... Ah, aqui esta... Gelo, preciso de gelo... Ah, que se dane vai sem ele mesmo. Hum, um breve deleite... Maldito que sou pelo menos uma dose, ou várias, quem se importa se eu gritar? Estamos de tudo isolados, perfeitamente vedados...

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Sexta-feira...




Nada mais perfeito alem do silêncio, mal posso ouvir o som indefectivel da harpa acompanhando a flauta, som que vem de meu quarto, mas lá não quero ficar pois ainda cheira a sexo e ela ainda esta lá como uma peça morta de bruços e pernas abertas... Creio que ainda não se deu pela minha falta, já deve estar habituada, alguém que se propõe a viver assim nada mais merece alem de uma boa foda por misericordia.


Não, por misericordia não, por piedade, por sentir a mesma miséria que ela sente, o mesmo breu putrido que vive, sou sua única redenção nessa vida miseravel, pobre mulher que só no amante encontra o que em casa não tem... um pouco de arte, cultura alem do obvio.


Sim, sei bem que ela me busca não pela foda, mas por se arrepender de não exigir como ela deveria, ou de não ter exigido no tempo certo aquilo que mais necessita, uma foda por outra cansa, enche, não é por uma boa foda que vive a humanidade, nem pelo pão que cala seus estomagos vulgares.


O que podemos dizer sobre nos mesmos, sobre o que nos tornamos, limitados pelas palavras que dominamos, dominamos pelas palavras que conhecemos, o homem é o uso da palavra, seu dominio, sua manipulação e é a palavra que alimenta o que se convencionou de se chamar de alma, espirito, conciência... Tantos nomes para uma necessidade pulsante, irritante que nos rasga a mente, a razão e a vontade, atravessando a moral e a liberdade, misturando tudo em um turbilhão caotico que se encerra em mais uma dose de...


Ah Bella Fada, linda em seu brilho verde o que seria de mim sem ti!!!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Éclair.

Maldito seja o calor maldito que faz nesta miseravél terra! Como se já não bastassem os miseráveis que desconhecem o milagre do antitranspirante e do desodorante ainda me vem este calor que não se vai! Sol maldito, teima em não se retirar, teima em acreditar que é glorioso quando não passa do astro mais vulgar!
Ug! Seres gordos, inchados de tolices, de sabedoria popular e jargões televisionados no Agora o no maldito jornal das seis alem de feios entopem as vias como suas veias impedindo que eu possa passar e pedir um miserável filé de frango com fritas.
Atendimento invariavelmente péssimo, comendo ao lado dos reservados das latrinas ouvindo os guturais sonoros dos ônibus, maldita seja a educação e o bom senso, pois, afinal, quem não adoraria mandar tudo isso a merda?
Preciso sair daqui, trago a refeição a contra gosto, empurrada pelo guaraná quente diluido em água suja que um dia foi chamada de gelo, pago correndo, maldito débito que tem de processar 20 reais disperdiçados temeráriamente. A fome se foi trazendo o nojo e o desgosto, preciso de algo mais poderoso que um simples guaraná... Descendo algumas quadras havia um buraco nogento que chamavam de PUB, talvez lá, como fui miseravel quando jovem e como sou miseravel hoje ao me submeter novamente a aquele buraco em um prédio para me socorrer da vida miseravél que levo.
"Sem gelo!" Odeio quando elas se portam tão vulgares, tão fáceis, prefiro fingir que acredito que não ouviram meu pedido e estão olhando de volta para confirmar o que eu peço ao invés da clara oferta de seus corpos sem espirito para serem preenchidos por algo, pois a alma já se foi.
Algo me incomoda, não é o cheiro do lugar, não é a quantidade de pessoas nem o atendimento vulgar, mas... Quem é ela que me olha do outro canto? Não, ela não me olha, ela não me vê, ela esta me lendo desde que ignorei a garçonete, lê o que eu visto, lê como me sento, como respiro, como leio meu livro, sabe que eu a vi, mas não consigo ler nem o livro nem a ela, seu olhar me prende, me aterroriza... enfim, me fascina...