terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Éclair.

Maldito seja o calor maldito que faz nesta miseravél terra! Como se já não bastassem os miseráveis que desconhecem o milagre do antitranspirante e do desodorante ainda me vem este calor que não se vai! Sol maldito, teima em não se retirar, teima em acreditar que é glorioso quando não passa do astro mais vulgar!
Ug! Seres gordos, inchados de tolices, de sabedoria popular e jargões televisionados no Agora o no maldito jornal das seis alem de feios entopem as vias como suas veias impedindo que eu possa passar e pedir um miserável filé de frango com fritas.
Atendimento invariavelmente péssimo, comendo ao lado dos reservados das latrinas ouvindo os guturais sonoros dos ônibus, maldita seja a educação e o bom senso, pois, afinal, quem não adoraria mandar tudo isso a merda?
Preciso sair daqui, trago a refeição a contra gosto, empurrada pelo guaraná quente diluido em água suja que um dia foi chamada de gelo, pago correndo, maldito débito que tem de processar 20 reais disperdiçados temeráriamente. A fome se foi trazendo o nojo e o desgosto, preciso de algo mais poderoso que um simples guaraná... Descendo algumas quadras havia um buraco nogento que chamavam de PUB, talvez lá, como fui miseravel quando jovem e como sou miseravel hoje ao me submeter novamente a aquele buraco em um prédio para me socorrer da vida miseravél que levo.
"Sem gelo!" Odeio quando elas se portam tão vulgares, tão fáceis, prefiro fingir que acredito que não ouviram meu pedido e estão olhando de volta para confirmar o que eu peço ao invés da clara oferta de seus corpos sem espirito para serem preenchidos por algo, pois a alma já se foi.
Algo me incomoda, não é o cheiro do lugar, não é a quantidade de pessoas nem o atendimento vulgar, mas... Quem é ela que me olha do outro canto? Não, ela não me olha, ela não me vê, ela esta me lendo desde que ignorei a garçonete, lê o que eu visto, lê como me sento, como respiro, como leio meu livro, sabe que eu a vi, mas não consigo ler nem o livro nem a ela, seu olhar me prende, me aterroriza... enfim, me fascina...

Um comentário:

Bárbara Lemos disse...

Ah, você não sabe o que é viver no inferno. EU SEI!

365 dias (às vezes 366) do calor mais abafado do universo, oras.