quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Uma análise

Há algo de interessante no único, no soturno, no absurdo.
Tenho um grande apreço pelo meu nariz; é certo que não possui personalidade própria, mas sempre dizem, os populares é claro, que ele dá personalidade.
Gogól que bem entendia do nariz, qual a personalidade que o mesmo teria, ou até mesmo tem em alguns casos.
E há nisso tudo algo fantástico.
Vejam bem, se em um universo, como o paulistano, existem X número de pessoas, sere humanos que exercem cotidianamente seu oficio, não que todos tenham alguma ocupação, mas tem a sua utilidade...
Sim, eu bem digo, mesmo aqueles que são inuteis ou pestilentos tem sua utilidade.
Crápulas deitados em sofás, apodrecendo sua gordura e esfregando suas bactérias umas nas outras desenvolvem algo além do ócio improdutivo.
A sociedade precisa desses imbecis para lembra-la constantemente o que é grotesco, agressivo, pútrido. Precisamos dos vagabundos, dos ladrões, dos corruptos. É em cima desses perdidos que lucramos ao final das contas...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Tão simples, tão livre


Há algo no ato de escrever tão único, tão vivo, pulsante... Por mais que se tente despreender desse ato, desse vício mais ele te chama, mais ele te instiga. Pode-se fugir, se esconder, ceder milhares de desculpas e há de haver aqueles que se mutilem para não escrever.
Uma vez sugeriram a pergunta ao senhor Kappus, não me recordo se está é a grafia correta, se o ato de escrever lhe era realmente algo necessário, algo que não se pode despreender, pois uma vez que se toma o ofício de escritor, como tantos outros ofícios se teria de suportar tarefas maçantes, desgostos e contratempos.
Lembro-me daquela que me sugeriu primeiro buscar em Rilke alguma gema a ser polida, eis que em poucos trechos descobri veios ricos e coloridos, repletos das mais vastas possibilidades de interpretações.
Fui surpreendido por um gesto, um movimento de dedos e um olhar escondido. Um perfume indistinto, raro para meu olfato que tanto memoriza, tenho em meu nariz memória mais leal que em meus olhos.
Não era o perfume em si, logo descobri a mulher, pouco tive de fato, mas muito desejei absorver.
Há muito, desde minha última garrafa escocesa que não tenho tamanho prazer, pequeninos movimentos, palavras despreendidas, alguns toques e de novo o cheiro.
Uma mulher revela muito e tão pouco sabe o quanto podem surpreender um homem, se este se atenta aos detalhes, antes mesmo de verificar a caixa, de tomar a garrafa contra a luz, de ler as informações descobre pelo perfume, pelo cheiro muito mais do que tudo que se pode ver...
Podemos, por exemplo, saber pelo cheiro da caixa se foi armazenado em ambiente úmido, pelo odor caracteristico do papelão molhado, o blend também escapa, antes mesmo de se abrir a garrafa.
Um bom blend, maturado, amadurecido, amargado pelo tempo e pelo sofrimento, devidamente harmonizado e balanceado, quase doce pela adição dos elementos diversos tudo reagindo da forma certa, escolhas importantes e alguns acidentes fazem um bom blend, bem como uma boa mulher.
Não me crucifiquem, não reduzo, aqui, a mulher a um objeto consumível, longe disso! O que me ocorre é a falta de arte, de engenho para descrever a surpresa do acaso, a dose do destino, muito ocorre de formas únicas e tão singelas para compor tanto um bom blend (o que convenhamos todo homem respeita) quanto uma boa mulher (o que nem todo homem respeita).
Há nisso tudo um grande prazer, tudo tão único, onde o tempo e a idade são importantes, mas ao mesmo tempo a composição em si que é essencial, e que o encontro certo dos dois, tanto para blends e pessoas os torna únicos e caros.
Estou a divagar, acho que me surpreendi, experimentei tão pouco e de forma tão suficiente para desejar provar pelo menos por uma vez...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Ecos de um Narciso despido


Há um peso pecliar no ato de escrever. Existe um momento de nudez, de entrega, não importando o quanto a forma tente cobrir a alma, a última sempre escapa, escorre, sublima, por entre as frestas.

Escrever não só exprime, mas expreme aquele que escreve, tortura alma e mente, não importando o quanto o interlocuturor possa ser tolo, fugaz, ignóbil, há sempre um meio pelo qual se percebe a alma, ainda que apenas uma mera sentelha de luz vaga e contida.

Temos na existência caminhos e expressões, mas não creio que algo possa expressar mais que a escrita e ao mesmo tempo marcar e ser lembrado que as letras.

Não é mero ato de se justapor fonemas, conjugar verbos, encontrar pessoas, mas sim um ato de se definir a entrega, de se abrir, escancarar, arregaçar a alma, ainda que de forma pretenciosamente casta, puritana, eloquente. Não passamos de todos pervertidos perdidos em uma espiral resistente, que busca conter a humanidade, ou o que ela considera desumano no ser humano, que meramente o é humano ao ser desumano, pois é da natureza do homem a contradição de si mesmo e a necessidade de reafirmação de si próprio.

Somos todos, Narcisos e Ecos, sombras fugidas do Hades.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Delírios de Fausto II


Totalmente desperto, totalmente sóbrio, vi um mineral que entoava louvores ao demonio, vi espiritos que dançavam sob a luz dos signos sombrios em noite de lua nova. Vi sonhos serem consumidos, vi a feiura encardada, vi Mefistofoles dançando com um tronco rachado e podre, de um aroma fétido, li9berando liquidos de sua podridão, quando vi lá estava eu, em meio daquele tronco, sentindo um prazer imenso, de compartilhar o resultado mais podre de um ato profano, bebi da taça da grande meretriz e pude ver que de seu sangue menstrual o mundo místico e não contado pela igreja se revela muito maior, muito mais complexo, muito mais... profano e delicioso. Delírios de Fausto, por Lee.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Delírios de Fausto I


Fato é, sou um ser ausente, cuja a presença se sente pela frustração de não ser tudo aquilo que poderia ser e não foi, Há algo que me amarra e me prende, me impede que é a realidade insipida em que vivemos, a limitação do próprio homem sobre si mesmo, o medo de ser livre... Diria mais o horror da liberdade tomou o que tinhamos de melhor, o egoismo. - Delirios de Fausto por Leandro Lee-